Primeira Turbo-rotunda Portuguesa em Coimbra

Vai ter início em Fevereiro, em Coimbra, a construção da primeira Turbo-Rotunda em Portugal. Este conceito de intersecção rodoviária giratória, tem características inovadoras que correspondem a um aumento significativo da capacidade da rotunda, da segurança rodoviária e do conforto para o condutor, em comparação com as rotundas tradicionais.

A Rotunda do Choupal foi a escolhida para ser alvo de um projecto, que nasceu de uma parceria da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e da Câmara Municipal de Coimbra e resultou da necessidade de dar resposta ao aumento significativo do tráfego rodoviário naquela zona da cidade.
Entre os técnicos envolvidos, está a Profª. Drª. Ana Bastos da Universidade de Coimbra, que é uma das coordenadoras do projecto. Esta docente de Vias de Comunicação é considerada uma das grandes especialistas mundiais no traçado de rotundas.

O conceito de turbo-rotunda apareceu, pela primeira vez, na Holanda, no final dos anos 90 do século passado, com o objectivo de atenuar os problemas de segurança na circulação, associados às rotundas com mais de uma via. O traçado das turbo-rotundas elimina uma parte dos pontos de conflito no interior da rotunda o que resulta num aumento da segurança rodoviária e um acréscimo significativo da sua capacidade, em comparação com as rotundas multi-via ‘tradicionais’.

O que muitas vezes se nota nas rotundas tradicionais de duas vias é uma grande dificuldade por parte do condutor que circula pela via mais interior, no acesso com segurança, à saída desejada. Este problema é ainda mais relevante em países, entre os quais se inclui Portugal, nos quais por questões culturais e de deficiências generalizadas no ensino da condução, alguns condutores utilizam sempre a via mais exterior, independentemente do destino desejado.

Nas turbo-rotundas, os condutores recebem informação da via a utilizar, ainda antes de entrarem na rotunda, sendo depois encaminhados para a saída correcta, através de sinalização horizontal adequada, que delimita circuitos em espiral. São estes circuitos pré-delimitados, que permitem evitar o entrecruzamento de veículos no interior da rotunda, eliminando assim uma parte significativa dos pontos de conflito.

Na Holanda, o sucesso do programa piloto de construção de turbo-rotundas foi tão grande, que desde o início do século, a quase totalidade das rotundas multi-vias construídas, utilizaram esta configuração.

Fontes: Turbo roundabouts as an Alternative to two lane roundabouts – J.C. Engelsman e M. Uken; DEC-FCTUC.




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16 Comentários a Primeira Turbo-rotunda Portuguesa em Coimbra

  1. Américo Lopes

    Parabéns pelo excelente artigo, que permite compreender o conceito de forma bastante clara.
    Há alguma razão para não ter sido introduzido em Portugal há mais tempo? Se resultou tão bem em outros países da Europa a única razão que consigo encontrar é a inércia das autoridades rodoviárias e o desinvestimento intelectual e técnico que se tem vindo a verificar nos últimos anos.

  2. Diana Andrade

    Faltou referir as vantagens ambientais do projecto. Menos paragens implicam menor acumulação de gases poluentes

  3. tito

    Américo, concordo com a sua afirmação. O custo de construção de uma solução deste género é similar ao de uma rotunda vulgar. O número de vias é o mesmo, portanto a área pavimentada é a mesma.
    Uma vez que esta solução também pode funcionar com semaforização, é aplicável mesmo nos casos mais complicados, inclusive no centro de cidades.
    Talvez o único custo acrescido em obra é o aumento (mínimo) dos gastos em sinalização. Em termos de projecto também não é muito mais complicado, apesar de não ser dispensável um estudo de tráfego aprofundado.

  4. Carlos Branco

    Muito interessante. É realmente pena que nas escolas de condução portuguesas não se ensine a circular em rotundas de forma correcta. Os próprios instrutores não sabem como se deve circular e o problema propaga-se ad-eternum.
    No meu tempo fui ensinado a circular, incorrectamente, sempre na via da direita, independentemente da saída que pretendia utilizar e é isso que a maioria dos alunos de escolas de condução continua a aprender.

  5. JULIANE SILVA REIS

    FUI ALUNA DA PRFª ANA BASTOS HÁ ALGUNS ANOS. SEM DÚVIDA UMA DAS MELHORES PROFESSORAS DO DEC, EXEMPLAR EM TODOS OS ASPECTOS.

  6. Miguel Cadaval

    A implementação deste tipo de rotundas não é muito fácil. Não se pode utilizar uma formulação chapa 5 como é utilizado por muitos gabinetes projectistas portugueses no projecto de rotundas.
    E tal como referido no artigo, o factor cultural é importante. O tuga não vai em modernices e tudo o que seja diferente do habitual é mau, uma ‘confusão do caraças’.

  7. APR

    Não são tudo maravilhas e vantagens. As turbo-rotundas são conhecidas pela difícil percepção espacial. Essa é a razão da implementação selectiva na maioria dos países europeus. Na holanda e bélgica, a excepção, os condutores já estão habituados a este tpo de rotundas, daí a sua generalização.

  8. Santos Silva

    basicamente esta configuração de rotunda obriga os condutores a circularem correctamente nas rotundas… nas actuais tb é possível fazer este esquema, desde que as pessoas tivessem a mínima noção do que é uma rotunda, para que serve e como se circula nela…
    Eu aprendi na escola de condução. Há quem diga que é complicado… mas como toda gente neste país faz o secundário (fica bem nas estatísticas) deveria ser canja… e é!

  9. Pedro Sanches

    Já existe uma rotunda semelhante a esta em Oeiras, a chamada Rotunda da Quinta do Marquês: http://maps.google.com/maps?q=oeiras&hl=pt-PT&ll=38.696574,-9.325679&spn=0.00121,0.002411&sll=37.0625,-95.677068&sspn=40.137381,79.013672&vpsrc=6&hnear=Oeiras,+Lisboa,+Portugal&t=h&z=19

    Pessoalmente acho uma boa solução, mas como já aqui disseram, a mentalidade do “tuga” face às “modernices” não é a melhor. Vamos ver se pega.

  10. Filipe Bravo

    Mtos parabens Aleluia .
    Agora façam rotundas dessas nas Madeira

  11. joaquim

    Será um desafio para muitos, provavelmente a grande dificuldade deste tipo de rotunda só devera poder ser concretizado nos novos projectos , pois a área de construção é mesmo enorme, agora deixa de ter tanto espaço para o típico “calhau” ao centro ou até mesmo a oliveira.
    Certamente será a pensar nos futuros atalhos aos embaraços, mas força somos o melhor povo para servir de cobaias .

  12. Jorge

    Esse tipo de rotunda só funciona com boa sinaletica e com placas de direçoes bem visiveis (por cima de cada via como nas autoestradas) e bem explicitas. ex: Meter escrito Lisboa em vez de meter só Pombal.. Pessoalmente acho que o esquema mencionado em cima não é mt eficaz devido a 2 dos sentidos ñ serem iguais aos outros 2. ou seja que 2 dos sentidos pra virar a esquerda tornam-se 1 pouco confusos. Compreendo que se torna mais bonita e diferente, mas acho que nesta materia ñ deviam gastar tanto tempo a pensar em coisas bonitas mas sim simples, praticas e eficazes. Sou motorista de pesados nacional e internacional e ja passei em bastantes rotundas do genero tanto na holanda como na inglaterra, que tbm se vê muito, e acho que são bem mais eficazes que o metodo antigo. Já deveria era existir mts. O nosso povo se ñ está abituado, mais cedo ou mais tarde abitua-se. Do que vejo diariamente por essas estradas fora os portugueses são dos condutores mais desembaraçados, despachados e menos complicados..

  13. nuno

    uma rotunda nova e ja com erros de sinalizaçao…

  14. Carlos

    Se são os Portugueses que não têm civismo e preferem circular pela via da direita, por que razão os outros povos estão a adoptar este tipo de rotundas?

  15. Engenharia Portugal

    Nuno, isto de não saber andar nas rotundas não é só dos portugueses…

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