A restauração desastrosa de um pavimento rodoviário de madeira de 1917

A pequena rua de South Camac, na cidade de Filadélfia, EUA, distingue-se por ser uma das últimas do mundo que mantém o seu pavimento rodoviário original, construído em 1917 com blocos de madeira de carvalho. Ou pelo menos assim era até há poucos anos atrás, quando um projeto de reabilitação falhado colocou em causa a integridade deste raríssimo exemplo de património histórico da engenharia rodoviária.

O pavimento de blocos de South Camac é uma relíquia do tempo das carroças e cavalos, sendo constituído por cerca de 200 elementos paralelepipédicos de madeira.

O Departamento de Arruamentos do Município de Filadélfia levou a cabo, em 2012, uma obra de reabilitação da infraestrutura centenária, cuja superfície se encontrava degradada.
Quase imediatamente após a finalização do projeto de restauração, a madeira do pavimento começou a apodrecer.

Por poder constituir um perigo para a segurança e saúde públicas, o Município decidiu, como solução de emergência, aplicar uma camada de betão betuminoso sobre o precioso pavimento, encapsulando-o numa camada estanque.

O uso de blocos de madeira em vez dos mais usuais blocos de pedra tinha como objetivo, no princípio do século passado, reduzir o ruído provocado pelo impacto dos cascos dos cavalos e pelo contacto com as rodas de arco metálico das carruagens.

O pavimento original manteve-se, sem qualquer tipo de intervenção profunda, por mais de 80 anos tendo em 1988 sido sujeito a obras de recuperação que mantiveram o pavimento estruturalmente são até ao desastroso projeto de 2012.

Em vez de manterem a estanquidade do pavimento original, o blocos aplicados no pavimento absorviam água como se de esponjas se tratassem. Além disso, devido a uma reconstrução inadequada do sistema de drenagem original, a madeira mantinha-se saturada durante longos períodos de tempo. Isto originou o quase imediato início de um processo cíclico de destruição da integridade construtiva do pavimento.

Outro descuido do projeto de 2012 foi o uso de blocos de um tipo de madeira diferente da original e com dimensões mais reduzidas que, incompreensivelmente, não foram sujeitos a qualquer tipo de tratamento prévio (os blocos originais eram sujeitos a um tratamento industrial preventivo da madeira com base em creosote).

Uma nova obra de recuperação, que prevê a remoção da camada de betuminoso e restauro fiel do antigo pavimento de blocos de madeira, está previsto para este ano, esperançosamente com melhores resultados que o projeto de 2012.

Fonte: Texto elaborado com base no original de Inga Saffron – Philly News; EngenhariaCivil.com




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