Mais de metade do tráfego ferroviário de Komatipoort, na África do Sul, para os portos de Maputo e Matola poderá ser escoado através da linha de Goba, enquanto durarem as obras de reposição da linha de Ressano Garcia.

Com efeito, a Suazi Railway - Caminhos de Ferro da Suazilândia – já notificou formalmente as suas congéneres de Moçambique (CFM) e da África do Sul (TFR) sobre a disponibilidade imediata da rota Komatipoort-Mpaka-Maputo para transportar qualquer carga que as duas empresas considerarem prioritária nesta fase de crise gerada pela interrupção da linha de Ressano.
Segundo Lizzie Mbokane, gestora de Relações Públicas na Swazi Railway, a ideia é que tanto os CFM como a TFR recomendem os seus clientes a trabalhar com a sua companhia no escoamento de carga de e para os portos de Maputo e Matola.
Através da ora paralisada linha de Ressano Garcia as companhias ferroviárias de Moçambique e da RAS asseguram o escoamento de carga, maioritariamente minérios produzidos nas regiões de Mphumalanga e Gauteng, e destinada à exportação através do Porto de Maputo. Com efeito, a linha de Ressano faz em média trinta comboios de minérios por semana, que constitui setenta por cento da carga manuseada no porto de Maputo.
Segundo Mbokane, a linha de Goba tem capacidade para responder ao novo desafio, mas admitiu que será necessário tomar as devidas cautelas, sobretudo nas pontes, para que não sejam sobrecarregadas.
Ainda de acordo com a fonte, o eixo Komatipoort-Mpaka, na Suazilândia, tem vindo a receber muito tráfego nos últimos tempos, razão por que a sua capacidade não poderá ser explorada na totalidade, sendo verdade que, ainda assim, ela pode assegurar o escoamento de mais de 50 por cento do tráfego na rota Komatipoort-Maputo-Komatipoort.
“A linha pode ser usada imediatamente, desde que os CFM ou a TFR o desejem. Agora mesmo estamos a realizar testes que confirmam o que disse. Na verdade, o Corredor de Goba esteve sempre disponível para uso, sendo por isso uma excelente alternativa para esta fase de crise ou para qualquer outra fase”, explica a nossa fonte.
Actualmente, ainda de acordo com Mbokane, a linha de Goba faz três comboios por dia, numa direcção, e três outros noutra. No entanto, conforme assegurou, a linha pode fazer até doze comboios diários, numa e noutra direcção.
Enquanto isso, prosseguem no terreno os trabalhos de reconstrução da ponte ferroviária danificada em consequência de um acidente registado há cerca de uma semana no km 26,9 da linha de Ressano Garcia, na zona de Tenga.
Dados apurados pela nossa Reportagem indicam que a obra vai custar aos CFM cerca de 2,5 milhões de dólares americanos.
Até ontem, o empreiteiro da obra não tinha alcançado um consenso final com os CFM sobre o prazo para a conclusão da obra, mas sabe-se que o dono do empreendimento defende que os trabalhos sejam concluídos em apenas três semanas (contadas a partir da presente), enquanto que o empreiteiro opta por fixar em cinco semanas e meia o tempo necessário para realizar a obras na dimensão contratada.
A paralisação da linha de Ressano está a causar prejuízos consideráveis ao Porto de Maputo, que recebe grande parte da carga que manuseia através da linha de Ressano. Apenas uma pequena porção da carga chega ao porto por via rodoviária, que em momentos de pico chega a atingir os 900 camiões por semana.
Ligado a este aspecto e embora não haja ainda indicadores numéricos confirmados, sabe-se que o tráfego na estrada que liga Moçambique e África do Sul (N4) está a conhecer um incremento no seu volume nos últimos dias, situação que começa a concorrer para o agravamento do cenário, com implicações em cadeia para os diversos utilizadores da N4 e não só.

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