Segundo dados da Agência para a Energia (ADENE), divulgados em 2009, 60 por cento dos peritos, arquitectos e engenheiros realizavam os seus projectos de avaliação da eficiência energética de edifícios manualmente, através de folhas de cálculo, e 25 por cento com um software do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), também de introdução manual de dados.

Mais recentemente, a ADENE certificou um software de origem espanhola que permite construir projectos de arquitectura/engenharia totalmente virtuais, contemplando desenhos e cálculos de infra-estruturas, telecomunicações, electricidade, sendo que a mesma ferramenta, designada Cype passou a permitir também ao utilizador avaliar o desempenho energético de um edifício e, simultaneamente, obter um orçamento do projecto, o que não era possível até agora.

Segundo Jorge Rocha, responsável da empresa Top Informática, que comercializa este instrumento, os
engenheiros apenas necessitam de introduzir as plantas dos projectos e os respectivos elementos verticais no software Cypeterm, criando um modelo 3D a partir do qual podem ir experimentando diferentes materiais e elementos e, desta forma, criar várias soluções de eficiência energética.

Isto porque, disse, "o software admite uma entrada de dados gráfica, tridimensional e resolve esses dados de modo a cumprir as exigências do regulamento. O método alternativo, manual, obriga à digitação de todas as medidas lineares, áreas, volumes e dos infindáveis detalhes relevantes para as previsíveis perdas de calor do edifício".

Assim, no caso do Cypeterm, "depois de introduzido o modelo, pode-se facilmente proceder a alterações e realizar instantaneamente novos cálculos, o que permite ao projectista equacionar facilmente várias soluções alternativas". Mais ainda, o facto de "estar inserido na biblioteca de programas Cype, que dispõe da maior base de dados de artigos construtivos existente em Portugal e ferramentas integradas para as diversas especialidades, permite já hoje, por exemplo, realizar a verificação regulamentar de acústica e de térmica em simultâneo e desenvolver projectos com uma maior noção de custos". Uma licença do Cypeterm custa 1.900 euros, para integrar numa licença Cype existente, ou 2.080 euros, para uma licença nova.

Jorge Rocha refere que "a capacidade de calcular automaticamente custos está ainda em desenvolvimento e só será efectivamente importante quando a legislação obrigar a que se meça a eficiência energética também em euros e em emissões de CO2, o que se espera venha a ocorrer durante o ano de 2011".

Por outro lado, assegura, "é gerada informação muito completa que, quando cumpridas as exigências das verificações, proporcionará garantia de redução das designadas omissões de projecto, principais responsáveis pelas derrapagens nos custos e nos prazos".

in Público